Não vai ter golpe
Um fantasma ronda o Brasil, o fantasma da Ditadura Militar. O Golpe militar, no entanto, está descartado. O governo tem mais militares que qualquer governo em vinte e um anos de Ditadura. Então, não vai ter golpe. Golpe pra quê? Golpe de quem? Só se for contra Bolsonaro.
Bolsonaro está neutralizado. Achou que elegendo Arthur Lira e o Rodrigo Pacheco mandaria na Câmara e no Senado. Erro crasso! É refém do Centrão como nenhum outro presidente foi. A demissão do Ernesto Araújo, principal e último ideólogo dentro do Bolsonarismo de Estado atual, é símbolo dessa derrocada. Tinha que mostrar força de algum jeito. E a única coisa que pode fazer é demitir e substituir nomes.
Tentou desesperadamente construir uma atmosfera de golpe (por baixo, com a PM miliciana, como foi aqui no Ceará, naquele episódio do tiro no senador Cid Gomes; assim como foi ontem, na Bahia. Por cima também tentou, provocando a demissão do Ministro da Defesa por não ceder ao assédio dele em transformar as FFAA em instrumentos do governo, ao invés de mantê-las como Instituições do Estado). Tentou até a via democrática: o Líder do PSL (partido com que Bolsonaro se elegeu), o Dep. Federal Victor Hugo (GO), tentou aprovar, na Câmara, um PL que daria ao presidente o poder de decretar Estado de Mobilização Nacional, através do qual ele poderia intervir militarmente, inclusive através das Polícias Militares, nos entes federativos da União. Tentou, quer dar o golpe de qualquer maneira. Mas entre tentar e conseguir, entre querer e ter, tem muito chão pela frente.
Bolsonaro só fala para os seus. E os seus estão minguando cada vez mais...
O Congresso está votando pautas, nesta semana, relacionadas à COVID. Vacinação, UTIs, Auxílio emergencial... Bolsonaro é um espantalho vivo. As FFAA deram as costas a Bolsonaro hoje. A ala ideológica do governo derreteu. A rejeição e a reprovação ao Bolsonaro só crescem... Então... Não vai ter golpe.
Golpe pra quê? O governo tem mais militares que qualquer governo na Ditadura. Golpe de quem? Só se for contra Bolsonaro.
Os generais da ativa não são saudosistas, são todos alinhados com os que saíram. E quem assumiu a pasta da Defesa, chefia imediata das FFAA, foi o Gal. Braga Neto, um conciliador moderado. Não se lembram que ele assumiu a Casa Civil justamente pra apagar o fogo que o Onyx Lorenzoni acendeu no começo da gestão?
Bem, vai servir pelo menos pra afastar o fantasma de um novo golpe militar no horizonte. Os militares sabem que pioraram a imagem deles próprios. Apoiaram o golpe de 2016 para barrar a Comissão da Verdade que investigava os crimes das FFAA durante o Regime Militar e assinariam o genocídio de mais de 300 mil brasileiros?! Tem nem perigo! Até o Mourão se posicionou contra Bolsonaro.
Se Bolsonaro não aprender com essa a ficar quietinho, vai tomar um Impeachment. Quiçá será preso, ele e os imbecis dos filhos.
Vou nem mentir que estou torcendo pra que isso aconteça! Léo Mackellene é doutorando em "Educação" pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em “Literatura e Práticas sociais” pela Universidade de Brasília (UnB). Professor de Argumentação jurídica no curso de Direito e Editor-chefe de Publicações Acadêmicas da Faculdade Luciano Feijão (FLF), em Sobral-CE, terra de Belchior e Ciro Gomes. Escritor membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE). Autor de nove livros, dentre eles o romance Como gota de óleo na superfície da água (Radiadora, 2017) e do livro de filosofia para crianças Diálogos de João e Júlia (Radiadora, 2020). E-mail: leomackellene@gmail.com
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