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A entrevista de Lula no JN


As perguntas dirigidas a Lula foram exatamente as que estão na cabeça do povo: corrupção, erros na política econômica, associação ao MST, agronegócio, ditaduras cubana, chinesa, venezuelana... O gabinete do ódio faz questão de reiterá-las cotidianamente, espalhando todas pelo whatsapp. Digo isso pelo que converso com bozolóides. Eles se "informam" em bloco: o que um diz, portanto, todos dizem. E estas questões aparecem cristalizadas na memória coletiva dos defensores de Bolsonaro, seus fiéis 25%.


Foi uma entrevista montada pro Lula. Essas perguntas deram a ele a oportunidade de construir outra versão sobre cada uma no imaginário popular. Todas as perguntas vinculadas às fakenews que andam circulando desde 2016, o ano do golpe. Foi uma entrevista montada pro Lula rebater todas elas.


Não estou dizendo que Lula é o candidato da Globo. Não é isso. Todos sabemos o quanto ele foi alvo de bombardeios diretos e semióticos, não só da Globo, mas de todos os órgãos da Grande Imprensa. Mais de 400 horas contra ele só na Globo. Mais de 100 capas da Veja contra ele. Todos vimos. O fato é que existe um inimigo comum: Bolsonaro.


Lula falou até aos que pensam como Plinio de Arruda Sampaio e Chico de Oliveira, que abandonaram o partido que ajudaram a fundar quando viram que Lula tinha "virado às avessas", tornando-se não o contraponto do neoliberalismo, mas seu implementador no Brasil contemporâneo: Lula disse que quer voltar para fazer coisas que ele achava que não podiam ser feitas. Foi a caixinha luminosa, o ponto alto da entrevista.


Até a defesa desesperada que a Renata Vasconcellos fez do agronegócio foi uma oportunidade de Lula explicar que existe o agro do bem e o agro do mal (existe?); aproveitou para costurar com o MST, garantindo nichos de mercado para ambos: o arroz orgânico e a galinha caipira da agricultura familiar, a soja e o milho do agronegócio.


Os entrevistadores estavam cheios de frases de efeito pró-Lula (até a Renata estava de salto alto vermelho bem escondidinho, embaixo da mesa) desde o começo da entrevista: "Então, pelo que o Sr. está dizendo, presidente (Bonner chamou Lula de presidente algumas vezes), o Sr. pretende fazer uma política econômica diferente da presidenta Dilma" (Bonner repetiu isso pelo menos duas vezes). Bonner abriu a entrevista dizendo em alto e bom tom: "O Sr. não deve nada à justiça".


A primeira pergunta é sempre a que gera maior expectativa, é a que dá o tom da entrevista e a que pode fazer o telespectador continuar a ver ou a desligar a TV. Talvez tenha sido a pergunta com maior audiência. Bolsonaro terminou sua live de quinta pedindo pra colocar "naquele canal". Vazou antes que cortassem a transmissão: ou seja, até ele viu. Seguindo ele, muitos bolsonaristas viram. Lula furou a bolha. Resta saber se continuaram a ver ou desligaram a TV.


Meu pai é um pequeno comerciante com pouca instrução que votou em Bolsonaro em 2018. Assistiu à entrevista até o fim prendendo a respiração. Terminou a entrevista dizendo "Esse Lula é muito esperto mesmo, muito inteligente!".

 

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