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COMO "CONVERSAR" COM BOLSOMINIONS


Mais desesperados, por isso, mais agressivos, os bolsominions xingam, apresentam acessos nervosos de risos e se apóiam em memes e respostas prontas para exibir o exuberante analfabetismo político que os assola e de que tanto se orgulham. Durante um mês, estive presente numa rede predominantemente bolsonarista para estudar seu comportamento e as reações a diversos tipos de postagem: textos longos, textos curtos, textos mais elaborados, memes, vídeos. A análise dessas reações me trouxe a este primeiro texto em que reúno dicas de como conversar com essa espécie em vias de extinção: o bolsominion. Divirta-se!



"Não há pra se parecer mais com a verdade do que a mentira" (MJGC)


Bolsominions podem até ter boa instrução formal (conheço alguns que são médicos, juízes, professores universitários). Mas não confunda instrução escolar - mesmo universitária - com inteligência. São coisas bem diferentes. A maioria dos bolsominions é aquilo que Bertold Brecht chamou de "analfabeto político".


Essa nova cepa de "analfabetos políticos", no entanto, é mais perigosa porque eles têm orgulho da própria ignorância. Fazem questão de demonstrá-la e estufam o peito para defendê-la.


Essa nova espécie de analfabeto político desdenha de quem estuda, informa-se por textos curtos de até 150 caracteres (com espaço), memes de internet e whatsapp e correntes de telegram que não trazem sequer fonte das afirmações que faz. Mais repetem o que ouvem falar por aí do que refletem a realidade que, inclusive, vivem, sentem, mas, por orgulho, vaidade ou ignorância, não admitem. E se "informam" em bloco: se você conversar com um em um grupo qualquer, outro, em outro grupo, estará dizendo a mesmíssima coisa. Nos grupos de família, estarão compartilhando os mesmos memes, os mesmos vídeos, repetindo as mesmas desculpas, os mesmos pronto-argumentos. Algum amigo, conhecido ou familiar terá lhe enviado no privado os mesmos absurdos repetidos à exaustão até parecerem verdade incontestável.


São doidos por uma fakenews. Na verdade, viciados!


Uma pesquisa realizada pelo "Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação" (Cetic.br) em 2019 identificou que o Brasil tem 134 milhões de usuários de internet. No mesmo ano, o Congresso Nacional publicou uma pesquisa apontando que 79% dos brasileiros se informam pelo whatsapp e pelo facebook.


O cruzamento entre estes dois números e o grau de analfabetismo político do brasileiro gesta um cenário fértil para a propagação das fakenews, geralmente divulgadas em formatos rápidos como memes e pequenos vídeos-montagem com recortes descontextualizados de situações excepcionais (mostradas como regra) e legendas - geralmente falsas - que acabam por induzir a certas interpretações - sempre equivocadas - da realidade.


Ora, mas se, por um lado, esse é o ponto forte do bolsominion - as fakenews - por outro, é sua principal fragilidade. Explico.


As fakenews se sustentam em factóides, notícias falsas construídas com base em deturpações da realidade, manipulações de fotos, vídeos e frases tiradas de contextos. Qual o antídoto para isso? Simples: a verdade.


Mas ó, primeira dica: não diga a verdade, ele não vai acreditar. Através de perguntas, provoque o bolsominion a chegar até ela. A maioria não vai chegar, mas alguns não vão segurar a onda e vão se calar. O silêncio deles será nossa primeira vitória. As pessoas precisam sentir vergonha de novo de sua própria ignorância.


E não há fakenews que resista à luz da verdade. Assim, tudo o que precisamos fazer é questionar o bolsominion a respeito da veracidade daquela "informação" que ele está propagando.


Por exemplo: bolsominions são generalistas, ou seja, usam frases de efeito para generalizar situações que, na verdade, são pontuais e específicas. Então, se um bolsominion diz que um partido ou um político é ladrão, pergunte logo por quê. Pergunte o que ele roubou, quanto e como foi. Ele não vai saber. Ele vai ao Google. Pegue-o pela contradição: quando algum se prontifica a responder, o faz através de links com matérias da Folha de S.Paulo, de trechos do Jornal Nacional, matérias d'O Globo. Ora, mas não são eles mesmos que dizem que a mídia manipula informação e divulga fakenews?!


Vão responder frases feitas, hastags como "BolsonaroReeleito", "Fechados com Bolsonaro", coisas do gênero. Aprenda a ignorá-las. Elas são o lacre final. Depois daí, eles não respondem mais ou se o fazem, fazem através de memes. Insista na pergunta. Logo, eles se calam. O silêncio deles é nossa primeira vitória.


Se ele apresenta uma foto, pergunte de onde é aquela foto, quando foi batida. Se ele posta um vídeo, pergunte quem são aquelas pessoas, quando foi gravado.


Vou dar um exemplo:


O sucesso das manifestações anti-bolsonaro de 29 de maio, 19 de junho e 03 de julho foi tão grande que, não tendo mais como negar, os bolsonaristas estão tentando associar os protestos à vandalismo.


E mostram vídeos de estudantes desarmados "agredindo" policiais equipados com escudos, cacetetes, armas de bala de borracha, de gás de pimenta e gás lacrimogêneo. Compartilham vídeos onde pequenos grupos depedram o patrimônio público.


Ora, eles recorrem ao argumento "contrário senso" para tentar minimizar o impacto das mais de 520 mil mortes por COVID perguntando quantos sobreviveram. Use essa mesma estratégia: se mostram fotos, se mostram vídeos, pergunte: onde é esse lugar? De quando são essas fotos? Em quantos protestos, das 261 cidades onde ele ocorreu, essa situação se repetiu? Ou mais ainda: quem provocou essa situação? Quem garante que não são infiltrados?


Portanto, informe-se da verdade. Pesquise. Estude História. O primeiro passo para debater com um bolsominion é se informar, munir-se da verdade.


Agora, lembre-se: quanto mais desesperados eles ficam, mais forte será a reação deles. Eles se enfraquecem a cada dia, porque a cada dia eles são menos. Bolsonaro está derretendo!


Eles vão vociferar contra você mandando calar a boca, xingando, repetindo pensamentos dogmáticos como o de que a luta é do bem contra o mal, enquanto julgam estar do lado do bem. Desconsidere. Quanto mais desesperados, mais agressivos.


Aprenda a controlar seus instintos. Eles tentarão lhe provocar rindo das suas postagens, seja nos comentários, seja nos emojis de reação à postagem. Lembre-se: eles são desinformados. O máximo que conseguirão fazer é lhe xingar ou rir feito hienas ensandecidas. Não caia na deles. Não se exaspere. Seja irônico, irônica. Segure a onda.


Ah, uma última dica: não responda tudo. Nem tudo merece resposta. Concentre-se naqueles que você julga que pode sustentar o diálogo ao menos por algum tempo. E se for responder, responda com qualidade. Não se apresse. Informe-se primeiro. Lembre-se: o antídoto de toda a mentira é a verdade!


BOLSONARO ESTÁ CAINDO!



Léo Mackellene é doutorando em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em “Literatura e Práticas sociais” pela Universidade de Brasília (UnB). Professor de Argumentação jurídica no curso de Direito e Editor-chefe de Publicações Acadêmicas da Faculdade Luciano Feijão (FLF), em Sobral-CE. Escritor membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE). Autor de dez livros, dentre eles o romance Como gota de óleo na superfície da água (Radiadora, 2017). E-mail: leomackellene@gmail.com

 

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