Breve consideração sobre a natureza do Novo Golpe
Quando se fala em “golpe”, a memória lembra de 64, com os generais à frente, tanques invadindo as ruas e tudo mais. Mas não... A natureza do NOVO GOLPE não é de cima pra baixo, como foi aquela; é de baixo pra cima. A estratégias é, primeiro, tomar os municípios, depois os estados, depois Brasília.
Ao se pronunciar a favor da quebra da quarentena, Bolsonaro está insuflando não só parte da sua base, mas a parte mais pobre da população, que, de fato, precisa sair pra trabalhar. Meu pai, pequeno comerciante em Fortaleza, quer reabrir segunda-feira o comércio dele. Em Tianguá, na Serra da Ibiapaba-Ceará, as pessoas voltaram às ruas. Há outras cidades menores onde a vida voltará ao normal no máximo na semana que vem.
Entenda: a base que pode apoiar Bolsonaro não é mais a classe média. A classe média serviu para elegê-lo. Agora, ele busca confrontar os governadores instigando a comunidade mais carente.
Sabe quem estará do lado dessa comunidade mais carente? Os policiais amotinados que estavam engatilhados em 12 estados recentemente, todos bolsonaristas.
O golpe não tem mais as feições clássicas de "golpe". O novo golpe tem outras feições. Quem foi a base de Hitler na Alemanha? A classe média?